Yoga & Lua, a lua interna e o ciclo menstrual

Na primeira parte desta publicação, sobre Yoga & Lua, falámos sobre como a prática de Yoga se sintoniza com os ciclos naturais, especificamente com o ciclo lunar. Hoje vimos falar sobre o paralelismo que existe entre a Lua e o ciclo menstrual e como podemos acomodar isso na nossa prática de Yoga.

Para a mulher, reconectar com a sua lua interna (menstruação) e viver em harmonia com o seu ciclo, tal como com os aspetos físicos, emocionais, psíquicos e espirituais de cada uma das suas fases, é uma grande fonte de autoconhecimento e de sabedoria acerca do nosso próprio corpo. Pelo menos, assim foi – e continua a ser – para nós, neste caminho de desenvolvimento pessoal que passa pelo Yoga, mas que também nos fez dar os primeiros passos noutras sabedorias ancestrais e de cura.

A fase menstrual, a mais introspetiva do ciclo, conecta-nos à reflexão, ao descanso, à nutrição, à morte e renascimento, à sensibilidade e sabedoria interna. É uma fase de limpeza e purificação. É o nosso Inverno e, pelas suas características, a um nível subtil conecta-nos à Lua Nova.

Como podemos trazer esta vivência para a prática de Yoga?

Deixamos aqui algumas sugestões / considerações genéricas:

A primeira sugestão é reduzir a intensidade da prática. Se necessário, parar mesmo a prática durante os 2 ou 3 primeiros dias, consoante a situação de cada mulher. Mantendo a prática, sugerem-se posturas restaurativas e suportadas, desde as posturas supinas às flexões à frente, ajudando a aliviar os sintomas. Devem ainda ser evitados asanas abdominais (ou que exijam grande ativação abdominal), torções intensas (demasiado ‘apertadas’) e retroflexões não suportadas. Também as retenções de ar devem ser evitadas, exercícios respiratórios como Bhastrika e contrações abdominais.

Dentro da tradição do Yoga e Ayurveda, todo o movimento energético descendente e de dentro para fora (o que inclui os processos de eliminação que ocorrem no corpo, nomeadamente a menstruação) são regulados por apana vayu, que se localiza essencialmente na pélvis e baixo abdómen. Quando apana vayu se encontra débil, somos mais propensos à doença, medo, dúvida, confusão mental, insegurança, falta de propósito, desenraizamento e sensação de falta de suporte na vida. Durante a menstruação, é importante que esta força vital – apana vayu – mantenha o seu movimento descendente e de dentro para fora, pelo que genericamente evitamos posturas invertidas nos dias de maior fluxo da menstruação ou até que ela termine.

Nota: as sugestões ao nível da prática de Yoga para o período menstrual são variadas – por vezes até divergentes. Não é nossa intenção criar ou alimentar uma separação, apenas partilhar aquela que é a nossa visão e abordagem no momento presente acerca deste assunto. Esta visão não substitui uma opinião médica, nem a prática acompanhada por um professor, tal como não abrange casos de patologias específicas. É uma forma de viver e honrar o nosso ciclo… e isso significa também escutar o nosso corpo e perceber o que é melhor para ele, dentro e fora do tapete!

Ficaste com alguma dúvida ou tens interesse em aprofundar algum destes assuntos?

Escreve-nos ou vem praticar connosco!